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Sobre "Maluca Paixão"

A história, realmente, não contraria as críticas: não é lá grande coisa. É incomum e desastrosa. Mas, ainda assim, "Maluca Paixão" me acertou em cheio com sua proposta inovadora - ao menos no campo das comédias românticas onde tudo já é muito conhecido e previsível. Talvez eu leve uns tomates na cabeça por defender um filme que foi alvo de todos os esculachos possíveis quando estreou, mas o fato é que nunca prometi ser original por essas bandas. Ele é ruim, mas é daqueles que ensinam, entendem?
É tudo muito desconexo, sim. Não há lógica nenhuma. Bradley Cooper, todavia, sabe ser charmoso como o cinegrafista Steve, objeto de cobiça da protagonista Mary Horowitz - personagem de Sandra Bullock - que, ainda que pareça carregar consigo toda a patetice existente no planeta, vejam só, é dona de uma incrível personalidade e de um coração que ousa sonhar. Embora o roteiro sofra de uma irreversível falta de lucidez, gostei de tudo. Tudinho. Da trilha, então, nem falemos. Não consigo parar de escutar I will follow him, canção gracinha que ilustra muito dignamente a saga de Mary no encalço do gostosão da câmera pelos vários cantos dos Estados Unidos. Quem nunca seguiu alguém, que atire a primeira pedra, não é mesmo?
Simpatizei com tudo, como se tivesse participado da produção do longa. Feitinho para mim. Primeiro, porque fala do universo do passatempo que atende pelo nome de "palavra cruzada" - delícia com a qual me acostumei a "perder" bons minutos da minha vida, desde muito nova. Segundo, porque excursiona pela dinâmica do telejornalismo e da guerra de egos de âncoras - assunto explorado de forma leve, trazendo uma crítica sutil à reflexão. E terceiro, porque conta a trajetória dessa moça bem intencionada, meio excêntrica, cuja veia adolescente ainda salta aos olhos - fato que direciona às melhores piadas da trama e fez eu me sentir retratada na tela. Se você, cara leitora, já quis algum mocinho de uma forma absurda e teve vontade de pular sobre ele como uma leoa faminta, provavelmente, se identificará do mesmo jeito com a nossa adorável Sandrinha. Simples assim.
Em suma: não espere grandes cenas de amor, beijos intermináveis, química surreal entre o casal e um final estrelado. A graça está no irracional e nos pensamentos da compulsiva Horowitz, ao explicar os fundamentos das tais palavras cruzadas, entrelaçando-os com os rumos das vidas que existem por aí. Ah e, claro, também nos ataques histéricos da heroína apaixonada e na sua frase derradeira, que diz mais ou menos o seguinte: "Se ama alguém, deixe-o livre; Se tiver que persegui-lo, é porque não era para ficar com ele." Tá anotado, sua louca!
                     

   


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